A Palavra de Deus é fonte de prosperidade espiritual
Uma
visão antiga, que vem sendo muito retomada nos últimos tempos, é a
ideia de que Deus recompensa os bons e castiga os maus nesta vida. O que
está claro é que a vida humana vive de altos e baixos, de alegrias e
sofrimentos, o que constitui um mistério. Pensando bem, não há
explicação para o sofrimento. Jó nos mostra que Deus está presente onde o
ser humano sofre. Nos Evangelhos entendemos que Jesus cura quem sofre,
mostra que Deus conhece o sofrimento do humano por dentro e o assume até
o fim.
Falar de prosperidade
é ater-se a uma vida sem sofrimento, de mirar para o alvo que só
ocasiona gozo e alegria. Esta pode ser uma visão cristã da vida, isto é,
prosperidade significando intimidade com Deus, realizando o maior de
todos os mandamentos: o amor. É contra os princípios do
Evangelho ancorar-se na artimanha da prosperidade, para ferir a
liberdade das pessoas, extorquindo delas bens materiais. Pior ainda quando isso é feito em nome de Deus. Isso passa a causar a queda de quem é “fraco na fé”.
O anúncio da Palavra de
Deus pode estar cheio de ambiguidades, carregado de atitudes escusas.
Ela pode ser instrumentalizada para atender aquilo que não favorece o
bem comum. Dessa forma deixa de ser uma Palavra de gratuidade e de
transformação. A Palavra de Deus é
fonte de prosperidade espiritual. Ela aciona os corações e as mentes
para a liberdade e abertura ao verdadeiro bem. Não pode ser
“privatizada” para bens materiais e enriquecimento ilícito, explorando a
sensibilidade das pessoas.
Não podemos ver nas
doenças e sofrimentos um castigo. Aí acontece a manifestação do mistério
divino. Sabemos que muitos sofrimentos são provocados por imprudências,
vícios e atitudes irresponsáveis. Normalmente, o egoísmo aumenta o
sofrimento. É violência enganar as pessoas com falsas promessas de
prosperidade, que até causam nos sofredores um sentimento de culpa.
Muitos se perguntam: que fiz de errado? Por que mereci isso? O importante é dar sinais do amor de Deus, que é nosso Pai.
Dom Paulo Mendes Peixoto